sábado, julho 31, 2010

A razão da força

Conheço o Orlando Castro há muitos e bons anos. Sei bem da qualidade da sua espinha dorsal e do seu amor pela sua Angola e de quanto lhe custa ver injustiça e a opinião livre e independente ser crime num Portugal cada vez mais amordaçado.

Hoje lá ia ler o Alto Hama quando li o "até já" do Orlando.

Sei quanto lhe custa fazer uma pausa mas espero que seja compensador. E estou certo que não é esta pausa que lhe fará quebrar a espinha.

Porque hoje é Sábado

Óleo de Giovani Bellini "O festim dos deuses" - 1514

sexta-feira, julho 30, 2010

António Feio



"Aproveitem a vida. Ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento. Agradeçam. E não deixem nada por dizer, nada por fazer..."António Feio (1954-2010)

Os Impostos escondidos

Apesar de a minha carta de condução dizer expressamente que é válida até 2015, tive agora de a renovar. Custou-me duas deslocações à escola de condução, uma outra ao médico e mais 52 euros para alimentar as gorduras do estado socratino e seus protegidos.

Desde Sábado passado que andava a conduzir ilegalmente, mas finalmente hoje, quinta-feira, já vim para o escritório com uma enorme guia, em tamanho A4, que me devolve ao estado de legal.

Deveria sentir-me regozijado por ter readquirido a minha legalidade plena como cidadão. Deveria sentir-me até feliz por ter mais aquele papel a entupir-me a carteira e ficar ansioso pelo próximo stop policial para que alguém pudesse atestar a minha nova legalidade.

Mas não, estranhamente, só tenho a sensação de ter sido roubado...

quinta-feira, julho 29, 2010

Quando se luta conquista-se

O dia de hoje estava quente mas era hora de almoçar. Comigo cliente e "clienta" numa esplanada na cidade do Porto. Para mim uns filetes de pescada com arroz de tomate, para o cliente o mesmo arroz de tomate mas com umas petingas. A "clienta" queria uma salada mas nenhuma que tivesse frango, atum ou qualquer outro apetrecho que não apenas legumes. O simpático João, estagiário que hoje aprendeu mais do que em qualquer aula, tomou conta dos ingredientes e partiu para a cozinha com o pedido. Voltou com o recado do chefe que isso de fazer uma salada com alface, cenoura, rucola, tomate, couve roxa e queijo parmesão não era possível. Insistimos que não nos parecia dificil, no fundo faziam todos parte das saladas que ofereciam na lista. O João lá partiu em direcção à cozinha, mas voltou derrotado. O chefe mantinha a dele, pois não havia preço na tabela. "Ó João, o chefe que cobre o que quiser mas que faça a salada. Nós nem perguntamos quanto custa." O João lá partiu para a cozinha, só que desta vez voltou eufórico. O chefe acedeu e lá apareceu uma salada toda catita. Já nem me lembro quanto custou, mas sairam dali 3 clientes satisfeitos. Caso contrário teriam saido 3 pessoas sem ser clientes.....

Claro que os suiços sabem aproveitar

Nós matamos o que temos porque não presta. Os burros dos suiços recuperam os comboios turísticos.

Desleixo ou incúria

A última viagem



Palavras para quê?

Recordar



Esta peça pertence a um passado recente. Aqui desmistifica-se alguns dos argumentos a favor da OTA contra a Portela. Eu diria que se mantêm actual.

Mas trago-o aqui apenas para dar um exemplo do que se tem assistido em relação à linha do Tua.

A demagogia da oferta de carros a cada um dos passageiros como o prometeu o actual ministro é sinal da poeira que vai continuar no ar.

O CAOS

É este o teor da carta do Presidente do CDP da OA aos seus Colegas.

Para que conste
em http://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=31690&idc=32046&ida=101892

...." O Ministério da Justiça através do seu portal (www.mj.gov.pt) solicita a divulgação adequada da informação que “permita alertar para a necessidade de escolher as alternativas menos onerosas para todos os intervenientes e, sobretudo, para os cidadãos”.


Vem este pedido a propósito da entrada em vigor da Lei n.º 29/2009, de 29 de Junho, que aprovou o Regime Jurídico do processo de Inventário.


Refere o comunicado do Ministério da Justiça que se encontra, apesar de ter dado entrada em vigor a referida Lei, que é iminente e expectável a aprovação de alterações à Lei pela Assembleia da República, pelo que entende o Ministério da Justiça “solicitar a cooperação de todos os profissionais forenses para a não instauração de processos de inventário nas conservatórias ou cartórios notariais”. Tal iniciativa, continua o Ministério da Justiça, “implicará, logo após a entrada em vigor desta proposta que será objecto de votação ainda no presente mês de Julho, a sua futura rejeição, por incompetência material, constituindo verdadeiramente um acto inútil”.


Conclui o Ministério da Justiça que “assim, em alternativa, abrem-se às partes duas opções:
1ª) Aguardar a publicação da nova lei para intentar o processo de acordo com o regime vigente;
2ª) Instaurar o processo de inventário nos tribunais apesar da entrada formal em vigor do novo regime do Inventário após 18 de Julho, apesar do risco de rejeição do processo por incompetência, apesar de, assim que a nova lei entrar em vigor, todos os actos praticados fiquem “ratificados”.".

As partes que esperem e os advogados que aguentem.

Postal de Tel-Aviv (3)


Ao ver-me entrar no gabinete, o director dos Arquivos Einstein, na Universidade Hebraica de Jerusalém, hesitou. Percebi que o problema era eu ser mulher. Judeu ultra-ortodoxo haredi, barba e `peyos`( patilhas em forma de caracol comprido), kipa na cabeça, casaco comprido preto e chapéu grande no bengaleiro, saudou-me com uma vénia. Sem aperto de mão.

A conversa começou aos solavancos. Lentamente. Mas o assunto interessava-lhe. Claramente. E os anos vividos na Áustria, donde emigrou para Israel há uns dez anos, ajudaram-no a fazer as pazes com a situação.

Eis o que me explica:
"A história do povo judeu é como um filme cuja película se parte durante a projecção.
O filme começa com a criação do Primeiro Templo, apresenta em seguida a destruição do Templo pelos Babilónios. Prossegue com a criação do Segundo Templo e a destruição pelos Romanos no ano 66 da era cristã. Inesperadamente a película do filme parte-se. E enquanto se está a aguardar que se cole a película, entram no palco outros actores. Os sionistas. E começa um outro espectáculo, que não tem nada a ver com o filme que estava a ser projectado. Usurpadores, obrigam-nos a suspender a projecção do filme. E a retardar a chegada do Messias e a construção do Terceiro Templo a que todos aspiramos".`

'E colonos e colonatos fazem parte de que espectáculo? '- pergunto-lhe. Do dos haredim ou do dos sionistas? - acrescento.
"Do nosso" - responde após uma longa reflexão. "Os colonos religiosos ajudam-nos a preparar o terreno para a chegada do Messias. Ajudam-nos a ocupar a terra. Se bem que, por vezes, tenhamos de reconhecer que alguns deles são actores vindos do espectáculo sionista".

No Museu Nacional de Arte , recentemente inaugurado em grande pompa em Jerusalém, uma maioria de visitantes são haredim em visita a uma maquette nos jardins do museu que reconstitui Jerusalém na época do Segundo Templo. Um grupo de jovens, vindos de Nova Iorque, fato preto, chapéu grande, 'bíblia' na mão, ouve o rabi que os acompanha e discute. Uma rajada de vento leva um dos chapéus para dentro da maquette, junto ao Templo. 'Terá de aguardar a chegada do Messias para recuperar o seu chapéu' - digo-lhe . "E entretanto comprar um novo. Que me custará 200 dólares" - comenta sorrindo.

Maria

PEDREGULHO NO CHARCO


Não me esqueço das palavras do Douro no debate que o Nortadas promoveu no Museu do Douro e que iam neste sentido:
É importante que as pessoas não se fiquem.
Que não se dêem por derrotadas.
Mesmo quando as coisas são apresentadas como já decididas é possível transformar o inevitável em evitável.
Muitas pessoas nos abordaram a propósito do debate dizendo isso agora já está decidido. Não há volta a dar.
Ora, foi com enorme alegria que vi o post do Carlos Furtado aqui em baixo.
O processo de classificação da linha do Tua sempre irá avançar o que, naturalmente, trará dificuldades acrescidas à construção da barragem do Tua.
Não sei se será suficiente para impedir mas que é um pedregulho no charco, ai isso é!
Trés vivas ao IGESPAR: viva! viva! viva!

Classificação da linha do Tua faz parar obras da barragem

Público - Classificação da linha do Tua faz parar obras da barragem Pois parece que a EDP vai ter que refrear os animos.

quarta-feira, julho 28, 2010

Bravo!

Bloco de Notas com João Ancoreta Correia na RTV from Regioes Tv on Vimeo.

LINHA DO TUA - PATRIMÓNIO NACIONAL

CLASSIFICAÇÃO DA LINHA DO TUA
COMO PATRIMÓNIO DE INTERESSE NACIONAL


Vimos convidar os senhores e senhoras jornalistas para participar numa Conferência de Imprensa, na próxima sexta-feira, dia 30/07, pelas 11.15h, no Café Majestic, no Porto, na qual será apresentada a resposta favorável dada ao Requerimento e o teor do Despacho relativo ao pedido de abertura do processo de classificação da Linha Ferroviária do Tua como Património de Interesse Nacional.
Este requerimento foi entregue no IGESPAR, no passado dia 26 de Março, por um conjunto de cidadãos que tem vindo a lutar pela classificação da Linha do Tua, assim como personalidades do meio cultural, artístico, académico, científico, ambientalista, político e sindical e é sustentado na Lei de Bases do Património Cultural (Lei nº107/2001 de 8 de Setembro).

Os subscritores deste documento consideram que a Linha do Tua merece a classificação como Património de Interesse Nacional, não só pelo papel histórico que desempenhou e pela obra-prima de engenharia portuguesa que constitui, mas também, e ainda, como exemplar único do património ferroviário e industrial do nosso país. Os requerentes consideram ainda que este património tem elevado potencial para o desenvolvimento turístico para a região e que tem que ser preservado e valorizado.

Acertar o passo

Estas meninas são tão militares como eu sou chinês. Foram escolhidas a dedo, pela aparência e pela altura, para que ficasse tudo bem nivelado, até na mini-saia. Treinaram meses e uma das que comanda já regressou ao estúdio de cinema onde trabalha. Os adidos militares das embaixadas presentes ficaram todavia alarmados. Batalhões assim são um perigo, mesmo que só levem fisgas.

Não virar a cara

Rui Rio tem, como todos nós, muitos defeitos. Mas tem, entre outras, uma qualidade: -Não vira a cara à luta! E sabe "comprar" uma briga. Normalmente acerta e o Porto dá-lhe razão. Foi o caso do túnel de Ceuta, do Bairro do Aleixo, para nomear alguns exemplos.

A minoria de esquerda na CMP, o PCP, não tem razão para se indignar. Saramago não representa valores com que a maioria se identifique. Veja-se o recentemente relatado processo de seneamentos no DN, a sua intolerância(no livro Caim chamou "FDP" a Deus, se bem que depois o tenha ouvido retratar-se)e a declaração de um certo distanciamento pelo seu País em relação a Espanha. As atitudes, as opções, são livres e devem ter consequências.

Assim é que é! Sem problema!

Acresce que, não me esqueço, quando em anterior mandato, cfr relatado, o CDS sugeriu o nome de uma rua e o competente voto na Assembleia Municipal do Porto para um falecido lider concelhio da JP, o Gonçalo Begonha, tal foi inviabilizado.

A tolerância, o espírito democrático tem um só lado?
Não tem e não pode ter!

Mas os media têm alguma força e relatam com insistência as ideias, as dores de um dos lados. É este caso Saramago, é a "grande notícia" da questão do terceiro género, do estafado "problema" dos gay dadores de sangue. Talvez por isso muitos órgãos de comunicação social estejam em agonia, mas isso é outra conversa. Só que não há dúvida que há uma agenda que nos tem sido imposta. Mas aí de quem o denuncie. É ou não é?

Enfim, percebo Rio. Mas já agora, uma coligação serve também para, na hora da verdade, vincar princípios. Não estaria mal ao CDS, que tem estado muito calado e que viu os seus vereadores votar de forma desigual, até porque tem memória, impor uma solução para o caso.

A começar exigir ao PCP que altere o texto da divulgada proposta. "A CMP curva-se..."????

A acabar por exigir que seja perpetuado pelo Município o nome do lider da JP, Gonçalo Begonha, que tudo deu pelas suas ideias, pela JP, pelo CDS e pelo seu Concelho.

Finalmente vai ser Sexta

Esta Sexta largo as pallettes.
Foram não sei quantos anos a empurrar resmas de yogurtes, pacotes de bolachas e caixotes de maçãs. O sacana do Oliveira pôs-me depois a controlador de prateleiras: outra chatice. A Zulmira, quando soube que eu também podia arrumar as peças de lingerie fina, atazanava-me para lhe levar umas promoções cor-de-rosa em fio dental. Apanharam-me um dia com coisas dessas no bolso e foi uma chacota durante meses. Voltei para as pallettes e a Zulmira para as cuecas de algodão.

Esta Sexta são saldos de Verão e vieram com falinhas mansas para fazer umas horas extraordinárias. É preciso lata. Eu quero lá saber dos brinquedos de praia, das hortaliças ou dos tintos "pague duas e leve três". Chiça! Ganhei o meu direito a levar um espumoso, mais o piriquito que a Natalina diz que me vai oferecer e sendo aí umas dez para as seis dispo o balandrau e vou gritar um palavrão ali no meio do hiper, junto às meninas das caixas, a assustar as velhinhas e as madames que mexem nos trocos.

Esta Sexta é ponto final. A malta do bilhar leva-me a uma sardinhada a Leça e a Zulmira vai ao cabeleireiro pois quer vir catita. Ando a pensar numa Sexta assim há anos e finalmente aí está ela. Bem sei que a partir de agora levo um coice no envelope e se calhar vou ter de cortar no tabaco, mas não há-de ser nada e só a ideia de que posso mandar o Oliveira àquela parte faz-me feliz e capaz de aguentar outro PEC ou mais uma lesão do Hulk.

Ainda não sei o que é que vou fazer na Segunda, mas estou-me nas tintas.
Antes disso vai ser Sexta e é quanto me basta.
Olarilolé!


Contem pelos dedos


Imagino que depois de lerem isto, certos militantes do CDS se sintam confusos.

Uma casmurrice


Custa-me a compreender esta jigajoga de dar ou não dar o nome de Saramago a uma rua do Porto.

Escolher nomes para ruas de cidade não é assunto que se deva discutir com base em simpatias ou antipatias pessoais.
Para o decisor em questão, a sua opinião pessoal sobre o mérito literário e mérito ou demérito político e cívico de José Saramago não importa um iota. O que importa é o reconhecimento público pela obra ou vida do cidadão em causa.

A não ser que algo de muito grave ensombre o percurso da pessoa em causa (mas nesse caso é preciso explicar tudo muito bem), creio que o mero facto de ser um dos autores mais lidos, mais traduzidos e, sobretudo, de ser até ao momento o único português laureado com um Nobel da Literatura são razões mais que suficientes para que uma proposta desse tipo seja positivamente acolhida pelo executivo camarário.

Há casmurrices que são meramente estúpidas.

terça-feira, julho 27, 2010

Postal de Tóquio (10)

A Sagres chegou ao Japão

Doentes ou pacientes?

O JN (ali) notícia que um Hospital do Porto convocou para uma consulta a 1 de Julho uma senhora que morreu há 8 anos. A doente fora assistida em tempos nesse hospital onde lhe disseram que voltariam a chamá-la pois a situação da senhora era grave e precisava urgentemente de reabilitação.

Para mim o chocante disto nem é o facto de convocarem mortos, pois já vimos que por exemplo as Finanças taxam enterrados assim como o STAPE põe esqueletos a votar.

Inaceitável é que uma lista de espera, mais a mais para um caso clínico com a gravidade e degenerescência daquele, demore 8 anos para que um doente tenha a sua consulta ou tratamento. Seria importante que os grandes arautos do Serviço Nacional de Saúde resolvessem estes problemas em vez de brandirem tiradas ocas acerca do progressismo que supostamente lhes devemos.

Esta paciente perdeu a paciência e nós vamos pelo mesmo caminho.

Ainda as SCUT's

O ministro Mendonça anunciou a cobrança de portagens antes do final do ano.

Espero que tenha ficado claro que, para estes lados, estamos dispostos a ser solidários mas não gostamos que nos tomem por parvos.

Este tema da introdução de portagens nas auto-estradas tem de obedecer a dois princípios: o da simultaneidade e o da não discriminação.

Se assim não for, cheira-me que vai ter de ficar para o próximo ano.

segunda-feira, julho 26, 2010

Pontualidade

Não tenho a paranóia das horas mas gosto de cumprir horários. Acho mesmo que a nossa habitual incapacidade em cumprir horas contribui para a nossa improdutividade crónica. Em tempos um amigo mesmo que chegasse a horas a uma reunião ia tomar um café para chegar atrasado, dizia que dava ares de que não tinha nada mais que fazer. Nada mais errado e graças a deus hoje já mudou os hábitos. Vem esta reflexão a propósito da fama dos politicos em chegar atrasados. Pois por estes dias acompanhei um périplo do secretário de estado das florestas. E não é que o homem cumpriu todos os horários? Julgo que numa época em que colocamos tudo em causa e só apontamos maus exemplos, nada melhor do que dar nota de que existem excepções.

Olhar de lado


No outro dia houve lauto jantar em Lisboa. Consta que terá sido para os lados da Fundação das Telecomunicações. É que o Rui Rio não poderá recandidatar-se à Câmara do Porto e o PSD confronta-se com o deserto de valores e valências bem expresso no facto de ter como vice-presidente aquele pindérico cônsul da Bielorússia, em parelha com o cônsul da Rússia que hoje dirige uma daquelas comissões parlamentares de que não se dá por ela.

O assunto foi definir o próximo candidato do PSD à Câmara do Porto.
Diz muito que um assunto destes se discuta a mais de três anos de distância e sobretudo que se faça à hora do brandy e na Capital. O centralismo está-lhes no sangue e para eles o futuro do Norte e do Porto decide-se em torno de uma bica em Lisboa.

O encontro foi promovido pelo antigo subalterno do Rui Rio, o da madeixa. Este José Pedro chegou a ministro da Justiça pela mão do então vice-presidente do partido, durou uns meses naquele triste desvario do governo santanista que foram os suficientes para não fazer coisa nenhuma a não ser juntar uma linha ao currículo com a palavra "ministro". Dizem que foi nessa altura que meteu o hífen entre o A e o B

O senhor 3% gosta destas manobras escondidas. E trata de convidar o Rui Moreira e de lhe oferecer a foz do Douro e a Torre dos Clérigos. Mas a coisa não estava prometida ao Menezes? Sim e não. O Menezes acha-se com direito a cobrar forte por ter levado ao colo o Passos Coelho e lembrou-se que em caso de vitória eleitoral do PSD não lhe ficava mal, para fim de carreira, algo mais nacional, mais protocolar, por exemplo a presidência da Assembleia da República.

De qualquer forma, entre risadas e palmadinhas nas costas, foram enchendo o copo do Rui Moreira, que como de costume não coze nem descoze, deixa entornar, a ver até onde chega.

E é assim que hoje em dia se faz política no PSD.
Verdade se diga que com uma direcção daquelas outra coisa não seria de esperar.

domingo, julho 25, 2010

um país de tótós

Li o artigo de João Vieira Pereira no Expresso e revi-me quer na análise deste país quer no que julgo irá acontecer no futuro aos nossos filhos. E deixamos este país aos chicos-espertos? Não me resigno.

sábado, julho 24, 2010

Rixa

Um homem de 30 anos foi, nesta madrugada, baleado na zona do Campo Alegre, no Porto. Terá sido resultado de uma rixa entre terceiros, perto da sede da CCDRN.

O aumento da violência no Porto continua e o sentimento de insegurança é crescente.

Nesta cidade, onde as instalações da PSP são deploráveis, vd Batalha, onde o policiamento parece destinar-se, normalmente, à "caça à multa", urge chamar os responsáveis políticos à pedra.

O que tem a dizer o Senhor Ministro da Administração Interna, já que quanto ao Governo Civil nem se dá por ele?

Uma certa maneira de ver

Vale a pena ouvir esta entrevista da V Television da Corunha ao Movimento pró Partido do Norte. Ali:
http://pelonorte.blogspot.com/p/entrevistas.html

Porque hoje é Sábado

Óleo de Edward Hopper "Hotel Room" - 1931

quinta-feira, julho 22, 2010

Postal de Tel-Aviv (2)

No final de um dia quente e húmido, cansados de um dia de visitas a aldeias na Galileia, junto da fronteira com o Libano, sem nada no frigorífico para jantar, a opção ` pizzas` teve luz verde. Sobretudo porque na rua Shenkin há uma pizzaria aberta até tarde onde as `pizzas` são muito boas.

"É turista ou está em trabalho?", pergunta-me um jovem dos seus 18 anos sentado junto ao balcão.
Olha para a minha maquina fotográfica e continua, "Deve ser em trabalho. Fotógrafa ? Eu também faço fotografia. Mas como amador. Que trabalho está a fazer aqui em Israel?"
"Acabo de chegar do norte, de uma visita às aldeias de Kafr Bir`im e Jish. Já alguma vez ouviu falar destas aldeias?", pergunto.

Pela reacção percebo que não. E a amiga ao lado, 16 anos talvez, também não.
Cito nomes de outras aldeias : Deir Yassin, Ein Hod, Allajoun .
Intrigado confessa que, estudante a entrar na universidade, nunca ouviu falar destas aldeias. Evidentemente que estudou a história de Israel. Que teve de estudar os acontecimentos que conduziram à fundação do Estado de Israel em 1948. Obviamente que sabe das milícias paramilitares de jovens judeus zionistas da Haganah, e da milícia de elite do Palmach, todas milícias clandestinas que lutaram contra ingleses e árabes, na conquista das terras para o futuro Estado . Mas a história dessas aldeias que lhe refiro, nunca ouviu falar.

Explico então que Kafr Bir`im era uma aldeia palestiniana cristã na Galileia, junto ao Libano , capturada pela Haganah no final de 1948 , que obrigou os habitantes a abandonarem casas e bens e a irem instalar-se noutras terras , de preferência na Jordânia. Quando em 1949 quiseram regressar foi-lhes impedido . Acabaram por deixá-los reinstalar-se mais a Sul, na aldeia de Jish. O Vaticano chegou a interferir apoiando-os na reivindicação de indemnizações. Até hoje sem resultados.

Kfar Bi`rim, a aldeia que tiveram de abandonar, não foi arrasada. Ao contrário de muitas outras aldeias palestinianas despovoadas pelas milicias que obrigaram ou incitaram as populações a partir. Sem direito a regressar. E nalguns casos as assassinaram. Como em Deir Yassin .

Kfar Bi`rim existe ainda. Ruelas cobertas de vegetação por entre ruínas de casas. Junto a um parque florestal onde israelitas palestinianos vão passar tardes em família. Uma funcionária do parque mostrou-me a ruína onde viviam os pais, obrigados a partir. E insistiu para que fosse ver Kfar Baram , junto às ruínas, um dos primeiros `Kibbutz`, fundado em 1949 pelos militantes do Palmach activos nesta zona , quando desmobilizados.

Os dois jovens na pizzaria da rua Shenkin, ouviram-me. Atentamente. Interessados, pensei eu.
Quando partia, já aviada, de `pizzas` na mão, perguntaram-me: "Are you a leftist?" ( És uma esquerdista?)
Recordando-me da reacção do antigo PM Isaacs Shamir que a uma referência sobre a relação de Jacques Chirac com o mundo árabe , comentara:" But Chirac is a leftist", respondi: "Esquerdista ou direitista , quem sabe ? Sou sobretudo uma pessoa interessada na história completa do Estado de Israel".

Maria

Pela defesa da linha do Tua

O Movimento Cívico pela Linha do Tua toma posição, exige a demissão do Ministro Mendonça e cita, no seu Comunicado, o debate na Régua promovido pelo Nortadas
Leia ali

Mais derrapagens...

O Paulo Pereira chama-nos a atenção para o seguinte:

No site do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, I.P. (IGCP, IP) http://www.igcp.pt/gca/?id=88 ( ver Ali ) a divida pública em 31/12/2009 é de 132 mil milhões, e em 30/06/2010 é de 142 mil milhões, um aumento de 10 mil milhões em 6 meses , ou seja 1,667 mil milhões por mês ! Um aumento de 7,5% em 6 meses !

Saldo Outstanding Saldo Outstanding
EURO milhões/ EURO millions
31-Dez-09---------30-Jun-10
Dívida em EURO/ EURO debt

30.700 ----------- 140.245

Transaccionável/ Tradable
109.963----------- 115.595
ECP
759 --------------- 563
BT
17.231-------------17.913
OT/ Fixed rate Treasury Bonds
91.907 ------------ 97.055
Outras Obrigações/ Other Bonds
51 -----------------51
Retail-Bonds
13 -----------------13
Não Transaccionável/ Non Tradable
20.737 ------------ 24.650
Certific. Aforro/ Saving Certificates
16.871-------------16.427
CEDIC
3.787--------------4.723
Outros/ Others
80 ---------------- 3.501
Dívida em Não EURO/ Non EURO debt
2.046------------- 2.369
Transaccionável/ Tradable
2.046 ------------ 2.369
ECP
1.132-------------- 304
Outras Obrigações/ Other Bonds
169--------------- 174
MTN
745--------------- 1.891
Não Transaccionável/ Non Tradable
0-------------------0
Dívida Total/ Total Debt
132.746-------------142.614

quarta-feira, julho 21, 2010

A derrapagem...



A gente a ver a despesa do Estado a derrapar, e sem conseguir fazer nada.


Como o Estado, entranto, vai arranjando dinheiro até parece que está tudo bem.

Há quem diga que o problema é que a parede está cada vez mais próxima, e nós sem travões...

Declínio: fatalidade ou opção?

Aqui está um bom texto do Fernando Vasquez, a merecer reflexão.

Só queremos justiça

terça-feira, julho 20, 2010

Boa Nuno...

Produzir mais para mais vender ou poupar mais para mais proteger?


Portugal apresenta um nível de eficiência energética inferior à média europeia. A intensidade energética do PIB, ou seja, a quantidade total de energia primária necessária para a produção de uma unidade de riqueza, é em Portugal de 226 tep/MUSD* contra 166 tep/MUSD para a Europa dos 15.
..........................
Existe portanto margem significativa para economias de energia em Portugal, sendo que estas economias são geralmente muito interessantes sob o ponto de vista económico – um investimento de um euro pode conduzir a economias actualizadas de até oito euros para investimento em melhorias de iluminação e no isolamento térmico, por exemplo.
(*) toneladas equivalentes de petróleo por milhão de dólares de 2000. Fonte Energy Information Administration"


Retirado do ponto 1.2.3., página 6, do Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Eléctrico (Novembro 2007)

Quando a esmola é grande...

Há quem tenha faltado ao debate mas pelos vistos ficaram a fazer o trabalho de casa.

Dois dias depois do debate que o Nortadas promoveu no Museu do Douro voilá

E alguns mais distraidos ainda acreditam no Pai Natal...

outros mais atentos lembram-se do ditado popular "quando a esmola é grande o pobre desconfia".

As pessoas devem questionar-se e questionar:

1- Se as barragens do Sabor e do Tua não têm mal nenhum porquê esta intensa campanha de "greenwash"?

2- Se as barragens são tão boas para o ambiente e para a região como a EDP defende porque razão quererá a EDP pagar as compensações que anuncia? Será para calar as potenciais vozes incomodas da região? Quantos da região não recebem umas coroas da EDP ou através de empresas controladas por esta?

3- Se as barragens trazem emprego e desenvolvimento para a região (como alguns apregoam) porque é que a região do Douro com tantas barragens continua pobre e atrasada?

4- Será este o caminho e a melhor estratégia energética para o País e para os Portugueses?

segunda-feira, julho 19, 2010

Ai é? Então fecha-se!


O Governo do “engenheiro” gastou 240.000 euros para pagar ao Finantial Times o destacável de 14 de Julho, numa daquelas iniciativas propagandísticas a que chama governação. Talvez por isso não tenha sobrado dinheiro para salvar a Escola de Várzea de Abrunhais (http://www.eb1-varzea-abrunhais.rcts.pt/).
Entretanto, o mesmo Finantial Times publicava esta pérola:

Only 19 children attend the primary school in Várzea de Abrunhais, a village perched on a forested hillside in northern Portugal, whose ageing population, depleted by emigration and rural flight, cultivate orchards and vineyards. In September, a bus will ferry the children eight kilometres to a new school for 200 in the town of Lamego, leaving behind their whitewashed classrooms under a modernisation programme that has already seen 2,500 schools with fewer than 20 pupils closed.
A further 900 closuresare planned. In villages like this, the divide between the poor rural interior and more affluent coast is usually most evident. According to Organisation for Economic Cooperation and Development figures for the mid-2000s, Portugal is the European country where income is most unevenly distributed. Before its imminent closure, however, the school in Várzea de Abrunhais has achieved international recognition, having been selected last year by Microsoft to join the company’s Pathfinder network, an elite group of 31 schools chosen from across the world for their innovative
use of new technologies.

O debate II

Antes de mais o meu público agradecimento aos magnificos palestrantes:

Professor Doutor Alvaro Domingues (FAUP)
Engº Sampaio Nunes
Professor Doutor Joanaz de Melo (UNL)
Professor Doutor Rui Cortes (UTAD)
Dr. Francisco Sousa Fialho
Dr. João Anacoreta Correia

E ao magnifico Museu do Douro que tão simpaticamente nos recebeu e merece uma visita (aconselho vivamente).

O debate foi interessantissimo, aprendi muitas coisas, e julgo que se alcançou plenamente o objectivo de discussão séria à volta desta tema tão interessante, apaixonante e importante para o País e para a região de trás-os-montes e alto douro.

Infelizmente a EDP não se fez representar. Não porque não tivesse sido convidada mas por quaisquer outras razões que cada um interpretará.
Parece-me inadmissivel que uma empresa com a dimensão e poder da EDP não queira discutir livremente a questão.
Esse tipo de atitude apenas serve para reforçar a convicção daqueles que consideram que algo cheira mal em toda esta estória.

Julgo que finda a palestra devemos continuar a discussão e o debate de ideias de forma igualmente livre. Também aqui...

...a bem da Nação!!!

O debate I

Linha do Tua: Sim ou Sim?

Cumprimentos a todos os bloggers do “Nortadas”.
Chamo-me Pedro Figueiredo, sou Arquitecto, 34 anos, e estive presente com bastante agrado no debate organizado pelo “Nortadas” no Museu da Régua.
Não houve tempo para eu intervir no final do debate, daí eu me dar ao “trabalho” de pedir a publicação desta opinião no “Nortadas”. Reparei entretanto que vocês poderiam ter um link para o blog onde costumo escrever, o “A baixa do Porto” e que normalmente tem intervenções que considero de alguma qualidade, sobretudo qualidade polémica.

Linha do Tua: Sim ou Sim? A minha resposta será sim. Tenho raízes familiares na zona do Tua, o meu pai produz vinho e azeite na zona de Foz Tua e o anúncio de uma barragem para aquela zona há cerca de dois anos (?) foi não só um murro no estômago dos Altodurienses do Tua, como de muitas pessoas – à esquerda e à direita – de bom senso, razão e inteligência “regional”. Aliás, caros bloggers, a minha primeira reacção foi mesmo não acreditar, de todo, por impossível, ilógico, irracional, etc...etc...
E no entanto, alguém, num gabinete fechado, a mais de 500 Km de distância deu-se ao “trabalho” de projectar uma barragem que produzirá apenas 0,3 % da energia eléctrica nacional, por cima de uma linha de caminho de ferro histórica, por cima de uma paisagem abrupta e milenar, agora e para sempre inacessível, já que o único ponto de vista humano sobre os magníficos canyons do rio Tua, é precisamente a linha. A linha do Tua faz parte da paisagem e a paisagem não faz sentido sem a linha do Tua, pois que sem esta não mais algum ser humano verá (e sentirá) os desfiladeiros “brutais” pelos quais irrompeu no nosso magnifico séc. XIX, essa brilhante obra de engenharia. Ao nível da engenharia qualquer uma destas barragens é um retrocesso técnico se comparada com a Linha do Tua. O futuro já foi há 200 anos. Agora, de facto, só andamos para trás...
É por isto que muitos turistas – gente culta e informada ao contrário dos nossos políticos do governo e da oposição - têm chegado aos milhares àquela zona – Italianos, Ingleses, Americanos – e têm tomado o comboio até Mirandela, “só” para apreciar uma paisagem única. Sei do que falo, porque falo do coração que já fez a viagem Tua – Mirandela, duas dezenas de vezes. E não cansa. Sempre diferente. Sempre deslumbrante.

É por isto que aquela Linha tem um potencial turístico, e portanto económico e local, enorme.
Com o advento das viagens de barco da Douro Azul, a chegada massiva de “estrangeiros” (...no mundo, ninguém é estrangeiro) ao aeroporto do Porto de milhares de vôos Low-Cost, é absolutamente realista e normal, haver - mesmo em plena crise, ou por causa dela - pelo menos meia-dúzia de empreendedores interessados em reabilitar com a CP ou apesar da CP, as viagens Tua – Mirandela, instalando hotéis, recuperando casas Rurais, fixando emprego local, etc...etc...

É por isso que me custou, e magoou mesmo, ter sabido de uma votação recente na Assembleia da República em que foi reprovada a “Classificação como Património” da Linha do Tua.
Ao que se soube, irracionalmente, com os votos acríticos da bancada do PS. Embora, infelizmente, com o nível médio de cultura das bancadas na AR outra coisa não fosse de esperar.
Não é novidade, que o PCP / Verdes e o BE tivessem votado pela classificação da Linha do Tua.
A grande novidade, e perplexidade para mim, é que as bancadas do PSD e CDS se tivessem “abstido” na votação... Não compreendo. Foi por ignorância. Foi por sectarismo, só para não votarem com a Extrema – esquerda. Terá sido por tacticismo, ou seja, por se acharem na esperança de também serem governo proximamente, e portanto, supostamente acharem que uma vez governo não quereriam ou “poderiam” deixar – afinal – cair o tal Plano nacional de barragens?
Ou a direita Portuguesa discorda do plano quando está na oposição e concorda com ele, uma vez no poder?
É que, bem vistos, não classificar a Linha do Tua é mais de meio caminho andado para aceitar a barragem como inevitável. É evidente, à luz de qualquer pessoa minimamente “normal”...
É por esta perplexidade que escrevo neste blogue. Se eu fosse de direita também não quereria deixar cair este cavalo de batalha com o governo (PS). Mais uma “divergência”...
Imagino que alguns dos nomes de bloggers estarão ligados de alguma forma à Direita Portuguesa. E como eu não estou, pelo contrário me assumo militante da esquerda mais extrema, actualmente BE, lanço aqui esta “polémica” (será polémica?) para alguém de direita ou de lado nenhum me tentar responder ou continuar em tom polémico o debate se quiser.
Obrigado pela vossa atenção. E respeito mútuo.
E agradeço o debate. São sempre esclarecedores. Ainda não perdi a esperança de ver a Linha novamente a funcionar, para viajar com os meus filhos, quando os tiver.
Cumprimentos aqui deste lado do hemisfério Político.

Pedro Figueiredo, arquitecto

domingo, julho 18, 2010

Pés debaixo da mesa

Após o debate finalmente chegou a hora de tratar da barriga no simpatiquissimo restaurante do Museu do Douro. Após deliciar-me com a comida, a decoração e o serviço lembrei-me de uma critica que tinha visto num jornal duriense, e onde o seu autor destruia de alto a baixo o restaurante, com adjectivos e qualificações que eu não consegui detectar. Lembrei-me então também do sábio dizer "a critica e o elogio mais não são do que o retrato do seu autor". Pois.

sábado, julho 17, 2010

Rescaldo do debate

Após as intervenções dos artistas convidados, acrescidas dos cá da casa Douro e JAC, entrou-se num período de perguntas-respostas. Destaca 3 delas: um empresário, um politico e um lutador da linha do tua. O primeiro apoiava a barragem pois está convencido da sua bondade e das enormes promessas que lhe estão associadas. E que os que vinham de fora são turistas....O politico queria perceber que vantagens haveria para a região se não houvesse a barragem. Contrapartidas.....e o sonhador que procura recuperar a linha e por isso não quer barragem, mais a mais que as promessas que existem parecem música para embalar meninos. (Fica a promessa de aqui trazer uns panfletos que estão a ser distribuídos pelos municipios banhados pelo TUA. O seu autor é a EDP. Mas parecem do Inimigo Público).

Pena foi que a EDP não se tivesse feito representar. Era importante o contraditório pois só assim conseguiriamos ter uma visão mais abrangente.

Claro que do bonito museu do Douro não saiu nenhuma conclusão, mas quem ali esteve saiu mais rico.

Se arriscar conclusões, pessoais, diria que:
- as barragens em questão não fazem sentido nenhum
- que deveriamos discutir seriamente a questão do nuclear
- que andamos a colocar umas ventoinhas a custos disparatados (económicos e paisagisticos)
- que não existe uma verdadeira politica energética e que a verdadeira aposta passa pela poupança de energia
- que as barragens existentes devem ser mais exploradas e nalguns casos implementados os sistemas de sucção de água

Para além destas arriscadas conclusões, eu continuava a arriscar e diria que este tema não sai tão cedo da agenda do nortadas. Por isso aqueles que se sentem incomodados por se discutir as barragens no Tua e no Sabor, tremei de medo BUU.

Por fim cabe-nos agradecer a todos os que se deslocaram à Régua quer para dissertar quer para ouvir. Fica a promessa de voltarmos.

RUI CORTES


Professor doutor na UTAD ficou claro o seu enorme conhecimento sobre as barragens e acima de tudo os terrenos que elas pisam. Fez comparações entre as várias fontes naturais de energia.

A eólica tem uma produção muito irregular. Porque tudo depende dos ventos, e não permite o armazenamento da energia criada e como tal é necessário o armazenamento nas barragens


A eólica tem que andar de braço dado com as hidroelétricas


As barragens são criadoras de efeitos de erosão por via de um efeito de maré com a subida e descidas de cotas de água

As barragens devem ser pensadas e construídas para fins múltiplos.

Museu da Régua

Casa cheia, pessoas em pé, dia de calor e sol, que grande organização do FVF!

As intervenções têm sido de grande qualidade, a meu ver muito técnicas, o que só vai fazer com que o debate seja ainda mais interessante.

Barcos no Rio, banhos de sol- isso é lá fora!

João Joanaz de Melo


Professor na universidade de Lisboa e Presidente do GEOTA começou por explicar que os ambientalistas não são contra nada, mas sim sempre a favor de alguma coisa.

O clima está a mudar. E nós somos os agentes da mudança. Os fenómenos que temos vindo a assistir, com por exemplo o sucedido na madeira, são fenómenos que vamos ver com maior frequência.

O segundo problema grave é a destruição da biodiversidade. A destruição em massa que estamos a assistir equivale à destruição dos dinossauros.


Quem ganha são as grandes empresas de energia, as grandes construtoras e que são negócios de risco zero para as empresas como a edp, iberdrola.

Possibilidade de instalar sistema de bombagem em barragens que já existem mas não tem este sistema a funcionar


O que não faz sentido é construir estas barragens, que vão ser feitas nos piores sítios e que não tem qualquer peso na produção de energia, cerca de 1%
´
A politica energética deve ser fruto de um mix, no futuro vamos destruir as de carvão e deve ser substituídas por outra fonte.

Um albufeira é uma escolha turística de quinta categoria.


Politica energética
- melhorar a eficiência energética
- reduzir o consumo de electricidade em 30%
- reduzir os picos de potência

Substituir as fontes
. renováveis de baixo impacto: solar e dentro de certos limites a biomassa, eólica e geotérmica

Novas energias
- investigação cientifica e novas teccnologias
- novos conceitos: micro-geração, hidrogénio
- solar foto voltaico baixa de preço em cada 5 anos

Pedro Sampaio Nunes


Defensor conhecido da energia nuclear, PSN atacou de forma energica a politica energética do governo e o papel que a oposição representou, que assume um total desconhecimento da matéria.

algumas ideias soltas:

As barragens provocam erosão costeira foi uma das picardias deixadas.

A discussão sobre a energia nuclear faz-se de forma apaixonada. De um lado os que a defendem e do outros os que a contestam. Não existe meio termo.

Um dos primeiros dogmas a contrariar é a confusão entre bomba nuclear e reactor nuclear. Nunca um reactor tem uma explosão semelhantes a uma bomba.

Portugal tem uma base fraca de recurso eólico.
Actualmente estamos a vender excedentes da energia eólica a 0 euros.


Vamos chegar ao final do ano com mais mil milhões por pagar a que teremos que juntar os dois mil milhões que vem do ano passado, fruto da errada politica energética.

Não estamos orgulhosamente sós, pois estamos acompanhados do burkina fasso e do Mali.

O Nortadas está no Douro


Com um ligeiro atrasado o Nortadas chegou ao Douro, Régua, Museu do Douro. Primeira impressão é de regozijo. A sala está cheia. Os palestrantes marcaram presença, com excepção da EDP que depois de confirmar não quis participar no debate.

O debate da nação

Ontem foi dia de mais um, assim chamado, debate da nação, na AR.
Segundo o governo, tudo vai bem na nação portuguesa e só na cabeça catastrófica da oposição a coisa não irá bem.
Porquê então mais impostos, pagamento de scut's a norte, cortes sociais, etc?
Será para satisfazer um mero capricho de Bruxelas?
Será para calar umas especulativas agências de rating?
Será para cumprir com a propalada ética republicana?
Como nenhum deputado o perguntou, ficarei sem saber que resposta que daria o governo...

sexta-feira, julho 16, 2010

O Nortadas no Douro

Aqui o FVFerreira coloca bem a questão: a importância da opinião das regiões na definição daquilo que alguém julga que é o interesse nacional. Mais um tema para discutir amanhã.

O NORTADAS ESTÁ A CAMINHO DO DOURO...

...mais uma dica para o debate neste Sábado

Começou a campanha maior de sempre de promoção do Douro, a envolver todos os municípios da região, com um investimento de 465 mil euros.

E, a campanha da candidatura do Vale do Douro a Maravilha Natural de Portugal, é lançada pela Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR), em conjunto com a Turismo do Douro e outras entidades, e arranca nesta primeira fase na imprensa generalista e Metro do Porto.

António Martinho, presidente da Turismo do Douro, “de braço dado e em sintonia. E é esta coesão que pode garantir um futuro sustentável e dar a conhecer a todos a oferta extraordinária da região, sem dúvida uma das mais belas do nosso país”.

A campanha surge no âmbito da candidatura às Sete Maravilhas da Natureza.

O mote – “Maravilhe-se com ele” – desenvolve-se em várias peças, através de um rio que fala por si e revela, através dos seus reflexos e do seu próprio discurso, toda a riqueza, história, arte, gente, saberes e sabores da região. É o Douro apresentado ao mundo na primeira pessoa: selvagem, humano, intemporal, generoso, romântico, laborioso e fervilhante.

O Vale do Rio Douro é considerado uma das 77 Maravilhas Naturais do Mundo, a par de outras como o chileno Deserto de Atacama e o Monte Olimpo, da Grécia, de um grupo inicial de mais de 440 candidatos ao concurso que decorreu no ano passado a nível global. Foi, aliás, a única candidatura portuguesa a qualificar-se para a segunda fase da eleição das 7 Maravilhas Naturais do Mundo.

Entre outras, o Douro ainda reúne as insígnias de mais antiga Região Demarcada e Regulamentada do Mundo (1756) e Património da Humanidade da UNESCO (2001). Detém, desde 2008, o qualificativo de Destino Turístico de Excelência, pela Organização Mundial do Turismo e, no ano passado, foi também considerado pela National Geographic Society como o 16º melhor destino mundial para turismo sustentável e o 7º melhor da Europa, de entre 133 candidatos.

Apesar da crise internacional que também afecta o sector do Turismo, a procura no Douro registou mesmo um crescimento de taxas de ocupação em 2009 e está bem consolidada e com resultados positivos em 2010. O que reflecte a crescente aposta na qualidade da oferta turística do Vale do Douro e vem premiar todos os seus responsáveis, diz António Martinho: hotéis, casas rurais, quintas vinícolas, restauração e todas as outras actividades que mostram aos turistas as variadas formas de desfrutar o Douro. Para 2012, segundo o presidente da Turismo do Douro, o objectivo é atingir o meio milhão de dormidas/ano na região.

E, pergunto eu???

Perante isto tudo como é possível avançar-se, sem mais, com a contrução das barragens em causa?

quinta-feira, julho 15, 2010

Nortadas no Douro já no dia 17

O interesse do debate que promovemos no próximo sábado é já para nós um sentimento de dever cumprido. Muitas têm sido os emails e os estudos que nos chegam vindos de gente que agora são como amigos. Mas claro que são as gentes durienses quem mais vive este problema e como tal são eles que mais se manifestam.

http://alinhaetua.blogspot.com/2010/07/sim-ou-nao-as-barragens-do-tua-e-sabor.html

o a Linha é Tua, brilhante duplo sentido, tem desenvolvido um trabalho aturado de difusão da bonita região e do que a linha representa para eles.

mas também o maquinistas alerta e desmistifica os números do governo.

Como diz um amigo cá da casa, estamos juntos. Até ao Museu da Régua.

...podia ser uma solução para a linha do Tua

Ao suscitarmos o debate à volta da questão das Barragens no Sabor e no Tua têm-me chegado muitas e diversas opiniões.

Hoje fizeram-me chegar este link

www.transcantabrico.com

com o seguinte comentário

"Por curiosidade aqui fica um bom exemplo de aproveitamento do património …

Em Espanha, na região da cantábrica, recuperaram uma linha de comboio antiga (tipo a do TUA), e fizeram uma coisa TOP, com um comboio de luxo….

A linha vai até ou quase até ao pais Basco…".

Aqui fica a ideia...para se acrescentar à discussão

a bem do Norte e do País!

Vendam-me a dívida, porra!!!


Não conheço quem faz a gestão da "emissão" da dívida pública portuguesa, nem percebo as opções que faz.

Andam os gajos a vendê-la a mais de 5% quando eu estava disposto a comprá-la por uns míseros 4,5 ou até 4%...

E até pagava o imposto de capitais, acrescido de imposto de sêlo e o mais que for, à taxa liberatória, para não ter de me incomodar...

Só pedia que me dessem a possibilidade de a poder vender em bolsa, aí umas 4 semanas depois, para o caso de aparecer para aí alguma crise-zita ou até alguma oportunidade-zita...

É que ao que me pagam os bancos, mais vale gastar o dinheiro; e assim não se aumenta, nem se estimula a poupança interna!!! Já para não dizer que se fosse eu a comprar a dívida, sempre era dívida interna (e não externa, como essa que para aí anda a mais de 5%; quer dizer, metíamos - se houvesse mais uns quantos caramelos a comprá-la como eu - a Moody's onde o Zé Sócrates a gostaria de meter...).

É possível um Portugal melhor. Mas é preciso querer.

quarta-feira, julho 14, 2010

Nortadas no Porto Canal

Postal de Tel Aviv


Em Tel Aviv, Shenkin é considerada uma das zonas mais interessantes para alugar um apartamento.Bairro de casas estilo Bauhaus ,com inúmeros bares e restaurantes abertos pela noite fora repletos de gente nova com ar dinâmico e interessado.

Aqui não se corre o risco de jantar ao lado de uma mesa de jovens recrutas do exército em farda militar e Galil no ombro ou de colonos com kippa e metralhadora Uzi . Tel Aviv nao é Jerusalem, e os jovens de Shenkin dão a impressão de não estarem interessados no que se passa nos territórios palestinianos sob ocupação, e muito menos nas lutas nacionalistas e religiosas dos colonos e haredim. Aqui pensa-se ` made in USA` . E procura-se viver como em Los Angeles ou Nova Iorque. Há como que uma necessidade inconsciente mas constante de afirmarem não pertencer ao mundo medio-oriental que os rodeia e para onde os antepassados decidiram vir viver.

Esta manhã acordámos com o barulho de um buraco aberto na parede do nosso apartamento em Shenkin. A parede não resistiu à broca do trabalho de restauro no apartamento do lado. Neste bairro upgraded do centro de Tel Aviv, os blocos de apartamentos foram construídos nos anos 30, na sequência da expansão da população judia para além dos limites do porto de Jaffa, onde vivia uma comunidade mista de árabes e judeus. Importante era construir segundo os parâmetros europeus. Criar aqui em pleno Médio Oriente uma cidade europeia, que após a declaração do Estado de Israel em 1948 se foi desenvolvendo segundo os moldes americanos à medida que ia absorvendo novos imigrantes judeus. A urgência da ocupação do espaco nos anos de expansão territorial nao permitia considerações de qualidade na construção dos prédios. A urgência era evitar `go native`.

A atmosfera dinâmica e animada que se respira nas ruas e belas avenidas de Shenkin não consegue abafar o sentimento que se tem de residirmos numa espécie de acampamento. De luxo, é certo. Provisório talvez, para muitos destes jovens que enchem bares e restaurantes pela noite fora, surdos ao que se passa em Jerusalém e nas colónias judias em terra palestiniana, conscientes de que um dia poderão vir a decidir, como alguns dos seus amigos o fizeram já, emigrar para a Europa ou USA. Se for caso disso.

Maria

terça-feira, julho 13, 2010

Rugby no Bessa

Ainda não foi desta que o Boavista criou uma equipa de rugby, mas será lá que na próxima semana decorre o campeonato do mundo universitário de sevens. De 21 a 24. A não perder.

As histerias nacionais

Na última sexta feira descobri que ninguém me tinha avisado e que eu era um completo ignorante. Isto tudo por causa do BCP e para a sua imediata falência no início desta semana. Foi um jovem a quem tinha acabado de transferir o seu merecido prémio por trabalhos desempenhados. "Tio já me pagou os 50€? ui que vou ficar sem o dinheiro...." e desta forma fiquei a saber que corria a informação do iminente fecho do banco. Lá sosseguei o jovem mas fui saber qual a dimensão do rumor. Apanhei o meu informador/jornaleiro a banhos no Alentejo mas por lá tudo calmo. Mas eis que a minha gerente de conta me liga a vender produtos bancários. Que não comprei pois a crise não está para investimentos desnecessários mas respondeu-me que sim que havia rumores e que tinha recebido alguns telefonemas de clientes mais ansiosos a anunciar transferências avultadas. Deixou uma mensagem de tranquilidade. O fim de semana passou e fomos sendo informados dos esclarecimentos do bcp e dos pedidos de investigação. Hoje liguei-lhe a saber se as promessas de transferências se tinham concretizado. Nada. Nem um tostão a mais. Liguei ao meu jovem colaborador. Estava sossegado pois tinha levantado o dinheiro. Os jornais de hoje davam nota de calma e serenidade nos mercados financeiros. Acabou esta histeria ou ainda vamos ter mais sms e emails histéricos?

PORTO CANAL, NORTADAS E SIM OU NÃO AS BARRAGENS DO SABOR E DO TUA

HOJE PELAS 20H O NORTADAS VAI ESTAR NO PORTO CANAL
A PROPÓSITO DO DEBATE DESTE SÁBADO, 17 DE JULHO DE 2010, NO MUSEU DO DOURO, RÉGUA.
SIM OU NÃO ÁS BARRAGENS DO SABOR E DO TUA.
veja a emissão em directo ou siga-a em http://www.tvtuga.com/porto-canal/

segunda-feira, julho 12, 2010

CONVITE - SIM OU NÃO AS BARRAGENS DO SABOR / TUA

TODOS AO DOURO...

Neste Sábado, 17 de Julho de 2010, pelas 10horas no Museu do Douro, Régua, o blog Nortadas marca a agenda da actualidade com o debate mais importante que se fez até à data à volta da questão das barragens do Sabor e do Tua.
O objectivo é debater de forma livre e desenpoeirada com as maiores autoridades cientificas da matéria a questão à volta das barragens do Sabor e do Tua.
Naturalmente que haverá intervenções a favor da solução das barragens e do plano nacional de barragens e intervenções contra a solução proposta das barragens.
A EDP far-se-á representar por pessoa altamente habilitada da mesma forma que os demais pontos de vista serão abordados pelos demais palestrantes, a saber:
Professor Doutor Rui Cortes (UTAD),
Professsor Alvaro Domingues (FAUP);
Professor Doutor Joanaz de Melo (UNL)
Professor Doutor Sampaio Nunes;
Dr. Francisco Sousa Fialho;
Dr. João Anacoreta Correia.

A mim compete-me exercer o papel de moderador.

A tema e a qualidade dos palestrantes seriam por si só suficientes para a presença de todos mas o Sabor e o Tua exigem de todos esse pequeno esforço, essa minimo de disponibilidade,

por isso venham todos daí

vamos ao debate no Museu do Douro, no dia 17/07/2010 pelas 10horas.

Apareçam!!!

domingo, julho 11, 2010

Isto não fica assim



Há poucas semanas, o Estado português foi condenado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia por não ter assegurado a despoluição de duas minas em Lourosa. A reacção das autoridades públicas foi afirmar que vão ajardinar o sector e transformá-lo num parque para crianças. Pensarão que o envio de uma fotografia com dois baloiços entre arbustos verdes encerrará o processo e enganará a Comissão Europeia. E, claro, estão-se burrifando para a contaminação dos lençóis freáticos que continuarão a destruir a saúde das populações locais.

Há dias, publicámos aqui no Nortadas um trabalho da TVI em que se denuncia o regabofe, a corrupção e o crime de Estado que vem sendo perpretado com a deposição descontrolada dos perigosos resíduos da antiga siderúrgia da Maia nas minas de S. Pedro da Cova. O video com a entrevista ao Secretário de Estado do Ambiente, que teima em negar a evidência dos relatórios dos seus próprios serviços, é bem revelador da sensibilidade desta classe política para as questões ambientais e para as consequências que delas advêm para a saúde pública.

O plano das 10 barragens e, nomeadamente, o crime que se desenha no vale do Sabor (ver video de há dias aqui no Nortadas) e no vale do Tua é mais uma prova de que este Governo, como aliás outros que o precederam, olha para o património natural e cultural do norte do país como um mero obstáculo aos negócios dos seus amigos. E julga-se protegido pelo facto de cometer estes crimes lá longe no Norte, em terras isoladas e empobrecidas, onde pensa calar os clamores locais com um cheque barato ou promessas esfarrapadas de futuros radiosos.

Felizmente ainda há quem não se vergue ao despautério desse bando de videirinhos ilusionistas. No dia 17 de Julho vamos denunciá-los no Museu do Douro, na Régua.

sexta-feira, julho 09, 2010

Ao Museu do Douro - 17 de Julho - Convite

Clik na imagem

Cabeço do Aguilhão (Vale do Sabor)


Hospitais de LVT custam mais, mas produzem menos

Durante a última semana, foi publicada num jornal diário uma notícia, que dava conta que o «O Ministério da Saúde vai gastar, este ano, 735 euros com cada habitante do Norte e 1169 euros com os de Lisboa e Vale do Tejo (LVT). Ou seja, uma diferença de 434 euros per capita por região» de acordo com um relatório encomendado pelo próprio Ministério da Saúde, que continua: «Se compararmos os três principais hospitais sob a alçada da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental e Centro Hospitalar de Lisboa Central) com os três principais da Administração Regional de Saúde do Norte (Hospital de S. João, Centro Hospitalar de Gaia-Espinho e Centro Hospitalar do Porto) encontramos também muitas divergências (…) Em 2008 (os relatórios e contas de 2009 ainda não estão disponíveis), aqueles hospitais de Lisboa tinham mais camas (39%), mais profissionais (33%), recebiam mais verba do SNS (25%), tinham mais custos (39%), mas produziam menos do que os do Porto, realizando menos 24% de cirurgias.»

Embora o Ministério da Saúde se tenha apressado a relativizar o resultado do referido relatório, salientando que «a análise de qualquer eventual cálculo de financiamento per capita não pode deixar de ponderar as efectivas necessidades de saúde das populações», não deixa de ser inquietante depararmo-nos com uma diferença tão significativa de custos e produtividade entre as duas referidas regiões. Nem tão pouco, uma apressada desvalorização ministerial, poderá tranquilizar o já tão penalizado contribuinte.

O relatório levanta duas questões, a meu ver, importantes para análise: (1) Será que as diferenças encontradas podem ser justificadas por uma diferença nas necessidades de saúde das populações? (2) Que diferenças organizacionais existem no Norte que permitem obter tais ganhos de produtividade e com tão baixos custos comparativamente com as de LVT?

Em relação à primeira questão, penso que a resposta é não: as necessidades de saúde das populações não podem justificar diferenças de produção e custo tão significativas. Há ainda mais dados oficiais que reforçam esta disparidade entre regiões. De facto, quando consideramos o tempo de lista de espera para cirurgia, de acordo com os próprios dados oficiais da Unidade Central de Gestão de Inscritos para Cirurgia referentes ao ano de 2007, a região de LVT não fica favorecida na estatística: «As regiões de LVT e do Centro são as que apresentam medianas de tempo de espera dos episódios em LIC mais elevadas, com 4,8 meses, seguindo-se a região do Algarve com 4,4 meses, a região Norte com 3,9 meses e por último o Alentejo com 2,7 meses.». Ou seja, os serviços de saúde hospitalar na região Norte respondem melhor às necessidades populacionais de cirurgia, apesar de o financiamento per capita para a região de LVT ser superior à do Norte!
Em relação à segunda questão, não há, de todo, uma resposta consensual: há quem advogue que no Norte há uma menor tolerância da Administração Central para o desaproveitamento; há, por outro lado, quem advogue que a diferença reside no recurso mais descomplexado na região Norte a serviços complementares ao SNS, nomeadamente prestados pelo Sector Social (Misericórdias); há, por fim, quem advogue que a maior pressão da Medicina Privada na região de LVT (maior riqueza com uma extensa oferta de serviços privados hospitalares) seja uma das causas desta diferença.

O relatório vem confirmar uma inquietação que havia em alguns meios hospitalares do Norte, fruto de uma comparação informal de experiências entre médicos pertencentes às duas regiões. Uma inquietação que a justificação do Ministério da Saúde não conseguiu fazer cair por terra.

No entanto, o que se torna imperativo agora, mais do que acentuar clivagens, é o debate sério e construtivo destes dados oficiais e procurar identificar as causas destas assimetrias regionais, de modo a que, ao corrigi-las, se melhorem os cuidados de saúde e desse modo, se atinja uma maior coesão social e regional.

Por Miguel Lume

Ensino Superior

Ora aí está um blogue interessante sobre o Ensino Superior.

Coisas sérias de quem sabe.

http://ensinosuperior-af.blogspot.com/

Mostrem tudo

O acordão do Tribunal de Justiça da União Europeia que condena a República Portuguesa por manter uma golden share na Portugal Telecom contém o resumo da argumentação das partes na fase escrita e oral do dito processo.

Mas seria ainda mais interessante que os cidadãos tomassem conhecimento directo das peças escritas com que o Estado português se defendeu, já que materialmente lhes é muito difícil assistir à audiência pública que se desenrola a milhares de quilómetros de distância. Infelizmente em Portugal existe este preconceito majestático de que esses documentos são assunto reservado e de que o cidadão não tem nada que saber o que é que o seu Estado anda a dizer em seu nome nas instâncias internacionais.

A legislação portuguesa e a legislação da União sobre o acesso a documentos permitem todavia que qualquer cidadão interessado requeira cópia das peças em questão. Não há razão para, após proferida a sentença, recusar um tal pedido. Em nome da transparência e da democracia, é importante passar das palavras aos actos e requisitar essas peças, até porque pela amostra que se lê na sentença, os escritos da República Portuguesa neste processo devem ser de antologia, senão mesmo de risota.

Se o Estado português ou a Comissão Europeia (pode-se pedir a um e a outro) rejeitarem o pedido de cópia das peças escritas do processo, é possível introduzir de imediato uma acção junto dos tribunais administrativos portugueses ou do Tribunal da União e posso garantir, à luz da jurisprudência, que o requerente teria ganho de causa.

Nos Estados Unidos as peças escritas que o seu Governo apresenta, por exemplo, nas instâncias da Organização Mundial do Comércio em Genebra, são imediatamente publicadas on-line, mesmo antes do termo do processo. E está muito bem, pois é inadmissível que um Governo fale às escondidas em nome da nação e dos interesses nacionais para poder alegar todos os disparates que passem pela cabeça dos seus mandatários.

Ontem mesmo se realizou uma audiência num outro processo envolvendo a PT, relacionado com o incumprimento por Portugal da legislação da União sobre as obrigações de Serviço Universal e tudo indica que virá uma outra condenação da qual será muito interessante não só analisar o acórdão mas igualmente conhecer os escritos do Estado Português.
É mais que tempo de passarmos a um nível superior de rigor e de exigência, nem que seja para nos pouparmos ao chorrilho de asneiras que gente impreparada anda por aí a dizer a propósito da condenação da golden share.

Carta de amor





Mainada!

Há muito peixe no mar, e para quem não quer haverá sempre um Tó Quim

Vamos passar

Ali

quinta-feira, julho 08, 2010

os impostos esses aldrabões

Um amigo não se cansa de dizer que os empresários em Portugal deveriam ter estátua e nome de rua. Eu diria que pelo menos os empresários de PME. E hoje na SIC o comentador/fiscalista de serviço, Tiago Caiado Guerreiro, deu-me razão quando comparou as incríveis taxas médias dos impostos pagos pelas PME e pelas grandalhonas. Estas na casa dos 20 a 25% e as pobres PME entre os 35 e os 40%. Depois querem criar empregos? Com quem? Andamos todos a brincar. Por vezes a vontade que tenho é entregar as chaves do escritório ao porteiro, calçar as sapatilhas e sair a correr sem destino nem rumo.
Só que isso passa-me e continuo a lutar pela estátua e nome de rua.

Mas quem se lembrou de tal?

Santana Lopes diz que não está disponível para a presidência da república. Safa que o homem tem mesmo 7 vidas....

Homens de pouca fé!

Fico triste quando o "meu" CDS envereda por estes caminhos: CDS-PP diz que é importante manter «activos estratégicos

De facto, apesar e ao contrário da retórica repúblicana e anti-neo-liberal (conceitos que, tal como o JAC tenho dificuldade em compreender) que dominam a nossa comunicação social e o discurso oficial, a defesa dos activos estratégicos é própria de lógicas colbertianas dirigistas e de pensamento de esquerda.

Como a recente crise bem demonstrou, a nacionalidade da detenção do capital nas empresas é completamente irrelevante. O que é relevante é a forma como o Estado, ou as entidades reguladoras, zelam pelo interesse público; em regra coincidente com o interesse dos consumidores.

Em Portugal, como bem sabemos, tanto a "influência" do Estado nas empresas e na economia, como as entidades reguladoras têm sido utilizadas para "empregar" os servidores dos partidos. Defende-se isso mesmo com o peso burocrático do Estado (para justificar a criação de institutos, autoridades e entidades), com a defesa de "centros de decisão nacionais" (como o Millennium BCP, o Sottomayor, a ANA, etc, etc, mas em particular a CIMPOR, GALP, EDP e PT) e, igualmente, a defesa de activos estratégicos nacionais.

A esquerda sempre gostou disto, apesar de criticar os resultados. O centro sempre beneficiou dos resultados, embora às vezes criticasse as soluções. A direita, pelos vistos, agora também gosta, por razões de "defesa externa dos interesses nacionais".

E a defesa de uma outra visão para o País, e para a nossa economia (tão necessitada de libertar as empresas para a criação de riqueza, emprego e competitividade), fica para quem!?!? Para a presidência da República!?

É preciso ter fé, para acreditar contra ventos e marés...

PT - Portugal condenado


Como se previa, o Tribunal de Justiça da União Europeia condenou esta manhã a República Portuguesa por manter uma 'golden share' na Portugal Telecom (Processo C-171/08).

Acórdão aqui